sexta-feira, 15 de abril de 2011

Escravos da moda

Se engana,  e muito, quem pensa que trabalhar com moda é só luxo e glamour. Ao ler a reportagem "Escravos da moda", publicada na Revista Época, fiquei realmente impressionada, chocada, como uma loja de departamentos como a Pernambucanas, cujo faturamento é de R$ 4 bilhões ao ano, mantinha em trabalho escravo, 16 bolivianos em um casarão na zona norte de São Paulo. Isso mesmo, 16 pessoas entre elas dois menores, em duas salas com menos de seis metros quadrados, ar quente, máquinas barulhentas, fios elétricos pendurados, roupas amontoadas, comida estragada na geladeira e colchões jogados no chão.

Eram nessas condições que os bolivianos produziam roupas para a terceira maior rede varejista em vestuário do Brasil. Além das péssimas condições, os imigrantes ainda tinham que pagar pela estadia, alimentação e cartões telefônicos, e ganhavam apenas R$0,20 por peça costurada. E para completar, viviam com medo de ser deportados, pois não sabiam (ou os empregadores escondiam), que seu país assinou um tratado de livre circulação com  o Brasil, pelo Mercosul, segundo o qual, bolivianos podem transitar livremente no Brasil, assim como brasileiros na Bolívia.

A fiscalização do Ministério do Trabalho nessa oficina não ocorreu por acaso. Os fornecedores das Pernambucanas eram investigados desde agosto de 2010 pelo grupo de auditores do Programa de Erradicação do Trabalho Escravo Urbano. Na ocasião, em outra operação,  os auditores encontraram etiquetas de uma das marcas das Pernambucanas numa oficina autuada por trabalho escravo. No ano passado, os mesmos  auditores flagraram o crime em oficinas que produziam para a Lojas Marisa e a Collins.

Notícia como essa, nos deixa cada vez mais decepcionados em relação ao ser humano.



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