segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A primeira Miss Deficiente Visual


A primeira Miss Deficiente Visual do Brasil, a gaúcha de 21 anos Giselle Hübbe, vive momentos de euforia pelo título recém conquistado, mas também de angústia e espera. Ela trouxe à tona um  problema grave para os deficientes visuais do nosso país.


Há três anos, Giselle aguarda pela doação de um cão-guia para ajudá-la nas atividades diárias. Com cerca de 3% da visão em um olho e 7% no outro, em razão de uma neuropatia ótica hereditária de Leber, diagnosticada ao nascer e, por enquanto sem chances de reversão, Giselle vive uma realidade parecida com a de 12 mil pessoas que aguardam por um guia no país.






“Sempre tive a necessidade do cão-guia, agora com o título de Miss Brasil, ele teria ainda mais utilidade,” diz Giselle sobre a mudança repentina na rotina.

A estudante que trabalha como degravadora na ACERGS - Associação de Cegos do RS, e sonha em seguir carreira como modelo, diz: “Quero aproveitar ao máximo essa oportunidade para seguir a profissão de modelo e mostrar que essa limitação visual pode ser vencida”.

Entre os principais benefícios que um cão-guia pode proporcionar à uma pessoa com deficiência visual ou baixa visão, é maior segurança na locomoção, permitindo mais mobilidade e independência, facilidade na integração do cego no mercado de trabalho, e garantia de maior velocidade e desenvoltura no deslocamento, uma vez que o cão-guia é capaz de se antecipar aos obstáculos, escolhendo para seu usuário o melhor caminho.




Atualmente, no Brasil existem menos de 30 cães-guia, sendo que o número de deficientes visuais é de aproximadamente 1,5 milhão, segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.

As estatísticas internacionais dizem que de 1 a 2% dos deficientes visuais utilizam cão guia, ou seja, no Brasil o número estimado de potenciais usuários seria de 12 a 24 mil cegos que deveriam ter cães-guia.



O investimento em um cão-guia custa, em média R$ 20.000,00 (vinte mil reais) e a formação demora até 2 anos. No país, existem apenas duas Ongs, em São Paulo e Brasília, que trabalham no treinamento desses cães, que depois são doados aos deficientes inscritos. “Por isso a espera é longa. Não temos muitas opções para buscar um cão-guia no país,” avalia Giselle.


Outra opção seria trazer dos EUA,  mas daí o custo é alto.“Não tenho condições de bancar um investimento desses,” explica a Miss. Certamente, essa também é a realidade dos demais brasileiros que aguardam ansiosos a chegada de um guia e com ele a esperança de mais liberdade e maiores chances no mercado de trabalho.

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